
8º Livro
"A Negação ao Romantismo"
Data: 2017
Poemas: 18
Exemplares: 4
Coleção: Recomeço & Futuro
Editora: Edição particular - "home-made"
MAIS UMA VIAGEM, MAIS UMA CARRUAGEM
Noite.
10º graus.
Resigno-me depois da resignação.
Já não há resignação maior.
Não sei quantas centenas de viagens.
Noites, dias, tardes, madrugadas,
Fora d’horas, na hora H.
Comboio, bus, boleia,
Carro, carrinha, carripana, carrão.
…. Esquece.
Esta p... desta viagem, já só falta de avião.
Mais uma carruagem,
Mais um regional.
3 pessoas comigo.
Desta vez até nem são velhos.
3 raparigas bem no mundo delas.
Serem bonitas e eu estar a escrever nada muda.
Estou só, numa carruagem para 30 ou 40.
Não sei para que escrevo.
Não sei porque escrevo.
Escrevo o que ferve.
QUEM SE IMPORTA?!
Revolto-me com o conformismo.
Revolto-me com os olhos cerrados.
Dentes colados, boca fechada.
Grito tão alto e sei que ninguém ouve.
Faço-o para dentro,
Porque não adianta fazer barulho.
Seria ruído, seria incómodo.
O não tem de surgir nestes versos.
Mais que uma vez, mais…
É aliada do pessimismo.
É a palavra que faz sentido,
Como todas as outras.
Pudera, é um desabafo.
Escrever é despir a capa,
Esquecer o escudo,
Baixar a guarda.
Mas revolto-me com essa indiferença
Que a minha angústia não toque em ninguém.
No filme, “O Fugitivo”
Tommy Lee Jones também dizia a Harrison Ford…
“ - You have problems…
Who cares…?”
Isto ecoa-me todos os dias, em todos os passos que dou.
EU SEREI SEMPRE CRIANÇA
Foi…
Já tinha voltado,
Duas vezes.
Foi de novo. Tinha de ir.
Endireitar o que nasceu torto,
É difícil.
Foi, desta vez, é de vez.
A sociedade já não tem padrões.
Estoiramos com eles há uns anos.
Eu também fui cúmplice.
Pouco, pouco, mas eu confesso.
Fui,
Foi,
Foi-se,
Fomos.
Não importa desmultiplicar o verbo.
Acabou e eu não sinto que aprendi.
Nos meandros de cada paixão
Eu serei sempre criança…